sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Palhaçada

Estamos desde o fim de Novembro para escrever este texto, foi o tempo necessário para traduzir por palavras uma experiência que foi, no mínimo, enriquecedora. Leva sempre tempo a integração de algo que nos transforma mas convém descomplicar pois importa transmiti-lo: fomos Palhaços.

Ainda a digerir “O Jogo do Mundo”, e as apresentações e solicitações dele derivadas, desafiaram-nos para, durante o mês de Novembro, embarcarmos numa experimentação da Técnica de Clown com uma palhaça vinda do Brasil. E basicamente era só isto que sabíamos. E é claro que aceitámos.

Tivemos um primeiro encontro antes do início dos trabalhos para 1) conhecermos quem ia tomar conta de nós, para 2) percebermos o que iríamos fazer e 3) como o iríamos fazer. Destas três questões apenas uma foi respondida: ela chamava-se Poliana - aliás, até ao fim poucos acertavam no nome portanto nem podemos considerar que esta questão foi satisfatoriamente respondida -, e tinha uma sensibilidade e empatia que não podiam caber naquele corpo pequenino, só no coração. Conquistou-nos: o resto não interessava muito.

Foram cerca de oito sessões e uma pequena apresentação: acabámos a fazer improvisação, utilizando senhas de clown, com o dISPAr, grupo de teatro do ISPA-IU, e o Canto do Vigário, um coro, e filmados por documentaritas.

Wow!

Não vamos discorrer sobre todos os passos e como tudo aconteceu, isso está deliciosamente e detalhadamente escrito aqui, contado de uma forma que só uma verdadeira palhaça alcança: armadilhando e saindo em beleza; vamos só partilhar o que aprendemos e mostrar-nos gratos por isso: aprendemos a não ter medo de ser ridículos. Aprendemos senhas, que são como trunfos na manga. Aprendemos a trabalhar com mais pessoas. Aprendemos que podemos mais. Aprendemos que impomos os nossos próprios limites. Aprendemos a subir de nível. Aprendemos a aprender.

Gratos pela experiência e a quem a proporcionou por, assim, ter sido possível ter conhecido tanta boa gente. Gratos pela partilha de conhecimento pois ficámos mais ricos. Gratos por nos ficarmos a conhecer melhor. Gratos por podermos crescer, enquanto grupo e indivíduos. Gratos pela possibilidade de ensinar.


Ah!, é verdade, somos um grupo de teatro constituído por elementos com doença mental e apesar de não vir escrito nos livros (os de auto-ajuda não contam), depois de experiências assim, pensamos ser legítimo dizer-se que o Amor é, mesmo, o melhor remédio.

A b r a ç o