Estamos desde o fim de Novembro para escrever este
texto, foi o tempo necessário para traduzir por palavras uma experiência que
foi, no mínimo, enriquecedora. Leva sempre tempo a integração de algo que nos
transforma mas convém descomplicar pois importa transmiti-lo: fomos Palhaços.
Ainda a digerir “O Jogo do Mundo”, e as
apresentações e solicitações dele derivadas, desafiaram-nos para, durante o mês
de Novembro, embarcarmos numa experimentação da Técnica de Clown com uma
palhaça vinda do Brasil. E basicamente era só isto que sabíamos. E é claro que
aceitámos.
Tivemos um primeiro encontro antes do início dos
trabalhos para 1) conhecermos quem ia tomar conta de nós, para 2) percebermos o que
iríamos fazer e 3) como o iríamos fazer. Destas três questões apenas uma foi
respondida: ela chamava-se Poliana - aliás, até ao fim poucos acertavam no nome
portanto nem podemos considerar que esta questão foi satisfatoriamente
respondida -, e tinha uma sensibilidade e empatia que não podiam caber naquele
corpo pequenino, só no coração. Conquistou-nos: o resto não interessava muito.
Foram cerca de oito sessões e uma pequena apresentação: acabámos a fazer
improvisação, utilizando senhas de clown, com o dISPAr, grupo de teatro do
ISPA-IU, e o Canto do Vigário, um coro, e filmados por documentaritas.
Wow!
Não vamos discorrer sobre todos os passos e como
tudo aconteceu, isso está deliciosamente e detalhadamente escrito aqui, contado
de uma forma que só uma verdadeira palhaça alcança: armadilhando e saindo em
beleza; vamos só partilhar o que aprendemos e mostrar-nos gratos por isso: aprendemos
a não ter medo de ser ridículos. Aprendemos senhas, que são como trunfos na
manga. Aprendemos a trabalhar com mais pessoas. Aprendemos que podemos mais.
Aprendemos que impomos os nossos próprios limites. Aprendemos a subir de nível.
Aprendemos a aprender.
Gratos pela experiência e a quem a proporcionou
por, assim, ter sido possível ter conhecido tanta boa gente. Gratos pela
partilha de conhecimento pois ficámos mais ricos. Gratos por nos ficarmos a
conhecer melhor. Gratos por podermos crescer, enquanto grupo e indivíduos. Gratos
pela possibilidade de ensinar.
Ah!, é verdade, somos um grupo de teatro
constituído por elementos com doença mental e apesar de não vir escrito nos
livros (os de auto-ajuda não contam), depois de experiências assim, pensamos ser legítimo dizer-se que o Amor é, mesmo, o melhor remédio.
A b r a ç o